quinta-feira, 5 de julho de 2012

Doce e amargo amor





                          I

Coração trêmulo, abdome contraído em dor
pensamentos centrados e concentrados
insistindo em ti, oh meu doce e amargo amor.

Os olhos pálidos sob a luz do luar
o formigamento das mãos, o amortecer dos lábios
a ausência de emoção na superfície
e a essência do sofrimento no peito.

Sensível ao uivar do vento
brisa cortante que estremece a silhueta
tocando a pele, invadindo esse corpo
trazendo consigo seu perfume,
teu cheiro compactado junto a este, oh meu doce e amargo amor.

Os ponteiros do relógio se movem vagarosamente
pode-se ouvir cada tic tac soado levemente ao fundo
e o silêncio que molha intensamente cada membro,
cada parte do corpo vazio, cada curva.

Visões que atordoam,
náuseas que surgem dos pensamentos
teu rosto colado ao meu
teu calor que me envolve, oh meu doce e amargo amor!

Por favor, eu insisto!
Com a cabeça entre os joelhos, eu te peço
por favor, deixe-me em paz!
Oh, meu doce e amargo amor, deixe-me em paz!

Pensamentos do meu corpo junto ao teu
minha carne ardendo de prazer sentindo a sua
o beijo mais intenso, o calor que percorre cada parte,
o arrepio que calmamente se instala,
o amor que permanece.
Por favor, meu doce e amargo amor, deixe-me em paz!



                  II
E o desespero ganhou força
força essa incontrolável, invencível
e o impulso causado por esse, fez verter sangue
sob a luz do luar, oh meu doce e amargo amor,
o desespero permanece.

E o rosto, antes rosado de dor
agora veste-se acizentado
pálido, gélido, com cada traço marcado
pelas lágrimas que ali secaram ao vento.

O corpo todo banhado pela cor da morte
E os lábios arroxeados mordem-se com força
com os punhos fechados, olhar distante
o ódio se instala, oh meu doce e amargo amor.

O fogo agora que arde em seu peito
absorvendo todo calor do pedaço de carne
por dentro quente, por fora frio.
O ódio fez tremer, a raiva fez estalar cada articulação
oh, meu doce e amargo amor, por que me faz odiar-te tanto?

Odiar? Mas se amo-te, como posso te odiar?
Incógnita indecifrável, pergunta sem resposta.
A poça vermelha torna-se maior, a dor permanece intensa.
Queria que os sentimentos fluíssem juntamente com o líquido,
porém insistem em apertar o peito, em confundir minha mente frágil.

As horas continuam correndo no seu tempo,
em uma lentidão sufocante,
por favor, eu imploro! Acabe logo com isso!
Que raiva! Que ódio maldito esse!
Quero matar-te, oh meu doce e amargo amor,
quero estilhaçar teu coração
tal qual fizeste comigo!

E me aquecer com teu sangue
sentir o cheiro adocicado no ar
um alívio no peito, e tu, implorando piedade!
Oh meu doce e amargo amor, renda-se, implore, peça,jure!
Diga que me ama, que me deseja, peça perdão!
Diga que me quer, que meu sangue se misture ao teu
que quer banhar comigo, ao tom de vermelho escuro!

Implore pelo meu gosto, respire minha dor, maldito!
Peça meu gosto amargo, compartilhe teu sofrimento, mostre-me!
Implore pelo meu corpo,
pela tua mão quente passando sobre minhas curvas geladas...
Respire meu ódio, maldito! Oh, maldito, doce e amargo amor!

Insista. E terás a eternidade.
Permita-me levar-te comigo.
Dê sua mão, oh doce e amargo amor.
Sofra, sinta, chore, grite de dor, assim como eu.
Vamos juntos, percorrer o caminho escuro.
Escute meus passos, e acompanhe-me.




                  III
O sol insiste em aparecer,
mas minha dor o impede.
A noite permanece por mais um tempo
enquanto eu aqui estiver, pensando em ti
oh meu doce e amargo amor.

Um calafrio percorreu
desde meus pés, até a ponta de meu cabelo vermelho
vermelho, cor de meu sangue,
esse que escorre por ti, oh meu doce e amargo amor!

A sensação do teu corpo mais uma vez
toma conta do meu ser
o toque macio de tuas mãos sobre as minhas
e o jogo de sensações ativa-se fortemente mais uma vez.

Oh meu doce e amargo amor, diga-me algo!
Deixe-me sentir seu suspiro, ouvir teu sussuro
tocar teu corpo, sentir-te enrijecer,
oh meu doce e amargo amor!

Deixe-me! Deixe-me aquecer com teu hálito
curvar-me a ti, ao teu toque.
Estremecer em teus braços, umedecer teus lençõis
de meu suor salgado, de meu doce prazer.

Deixe-me, oh meu doce e amargo amor,
permita-me me contorcer, ao aquecer cada curva de meu corpo
deixe-o rosado de desejo mais uma vez!
Oh meu doce e amargo amor, permita-me gritar teu nome!

Deixe eu me submeter a ti,
a suplicar a ardência da carne
a vermelhidão de minha nádegas, de meus mamilos.
Oh doce e amargo amor, possua essa pele, torne-a tua!

De joelhos eu viso profundamente teus olhos
desejando-me, querendo-me, admita!
Vejo nossos corpos fundirem-se
sob a luz da gélida lua, aquecendo-a com nosso calor
até torná-la o sol.
Oh meu doce e amargo amor,
deixe-me provar teu doce e amargo gosto!

Beije-me com força, até meus lábios incharem
beije meu corpo, até eu gemer, suplicando pela dor do prazer
envolva-me em teus braços quentes,
toque-me sinta a chama se erguer,
oh meu doce e amargo amor!

Penetre em mim toda tua raiva,
penetre em mim todo teu amor,
penetre em mim todo teu doce e amargo ser
jorre em mim cada sensação, cada sentimento!

Beije-me incansavelmente.
 Pressione tua boca sobre mim
e veja minha pele se moldar ao formato de teus lábios!
Oh, meu doce e amargo amor.

Serei tua, hoje, amanhã e por toda eternidade
eternidade essa que nos aguarda, que se mantém a nossa espera.
Deixe-me ser tua.
Deixe-me desfrutar deste doce e amargo amor!

Camila Almeida.

Insônia


Angústia essa que me envolve
Frio interno que me domina,
dor que me atinge com força
sensação de ódio, apetência pela morte.

Noite acordada, desejos fulminando
revirando na cama toda essa fúria
agarrando com força as cobertas quentes
expressando toda minha raiva.

Aquela vontade intensa de gritar
de quebrar tudo que me rodeia
e a escuridão escondendo cada traço de minha face
tornando ainda mais forte esse prazer ...
esse prazer contido em meu peito.

Lágrimas, oh lágrimas
parem de cair, pois posso me afogar;
quero substituir suas gotas por sangue
gotas avermelhadas, em tom aveludado
em um escorrer silencioso...

O desejo pelo escuro,
 a procura pelo frio da noite
a depressão tornando-se cada vez mais constante
involuntariamente...

Não! Pare! Você precisa dormir
Esquecer esses pensamentos obscuros
esquecer essa noite gelada
não lembrar das tormentas!

Você precisa dormir!
Mas a insônia persiste
a dor insiste, a angústia não permite!
Sua força é maior, tente!
Feche os olhos
 deixe o som do violino. ao fundo, percorrer sua mente
seu sangue borbulha mais suave
seus dedos vão soltando o chão, pouco a pouco
e a calma retorna ao corpo.

Amanhã será outro dia
e outra noite de insônia está por vir...

Camila  Almeida.

domingo, 1 de julho de 2012

Quebrei as regras.

Insanidade!
Loucura mais intensa... e mais gostosa.
Sentir-se sorrir ao pensar em momentos... Se preocupar, querer cuidar!
Querer ver um sorriso no teu rosto.

Me perder naquele olhar... ah! tão escuro...
tão escuro...

Saudade da tua boca, teu beijo, teu gosto.
O calor do teu corpo, tuas mãos no meu.
me derretendo no teu beijo, querendo te ver perder o fôlego.

Oh, noite tão fria, tão silenciosa...
como as palavras não ditas...
nunca ditas.

Ter tão pouco você. Ter meu ser tão completo.
Sem perguntas, sem cobranças... ter a vida esquecida do lado de fora.

Nada importa, nada existe.
Tantas sensações em um só corpo.
Começa assim, tão devagar...
consegue me enganar, enganar meu medo de perder o chão.

Mas agora...
Quebrei as regras.
Fecharei a porta e irei ao encontro da escuridão.
E então terei a doce companhia dessas lembranças
Lembranças essas que me atormentam, que me tiram da sanidade.
Lembranças tais que me fazem um bem profundo
ao mesmo tempo que corroem célula à célula, partícula à partícula.

Camila Almeida.