Papéis perdidos.

Aquela angústia que bate no fundo do peito, sem mesmo encontrar um porque para as reações, aquela insegurança estranha que habita o corpo, aquele medo profundo sem mesmo saber do que.
Mãos tremulas tocam o papel onde estaria escrito palavras sem significado,tentando serem descobertas por uma mente confusa, olhos parados nas linhas, vidrados nas palavras ali rabiscadas, palavras de própria autoria, mas desconhecidas para aquela pessoa perdida nos próprios sentimentos.
Confissões secretas, e devidamente estranhas, algo sem significado, algo escrito sem pensar, são brevemente analisadas por aquela mente vazia e insegura.
Lágrimas involuntárias insistem em delinear o rosto, a pele pálida vai ficando cada vez mais gélida, uma mistura de sensações confusas a tornam cada vez mais perdida no próprio mundo.
O sangue quente que corre nas veias vibram a cada instante, e a mistura de vida e morte vai percorrendo cada parte de seu corpo, intensificando a vontade de mover a caneta nas linhas de um papel velho, formando frases comoventes a qualquer um que entendesse e interpretasse aquela mistura de sentimentos e histórias transformadas em arte.
Seu dom, é a única coisa que lhe resta, é o que ainda a fortalece, é o que mostra que ainda tem vida, ali está a corrente vital de um ser solitário e obscuro nas próprias frases.
Um alguém movido a tinta de caneta, a papéis e blocos amarelados, guardados em uma gaveta, sentimentos abandonados, histórias de vida esquecidas, algo não compartilhado, algo que fica preso apenas em seu coração.
Isso é o que ela chama de vida.



- Camila Almeida.